Outros mundos, outros sentidos: educadores da Bahia apresentam projetos transformadores realizados em seus territórios
Por Fernanda Peixoto
“Os olhos dos meninos brilham quando veem nossa escola. Essa é uma possibilidade de encontro que toda escola precisa proporcionar”
Ir à escola todos os dias e oportunizar uma experiência com sentido, brilho nos olhos. É isso que, dia a dia, o Centro Territorial de Educação Profissional (CETEP) do Baixo Sul busca estimular em seus estudantes e à sua comunidade escolar. Para tanto, a escola técnica de Gandu, pequena cidade de interior no sul da Bahia, tomou uma decisão: não se acomodar e propor novas soluções para os desafios vividos no chão da escola. Com isso em mente, ela passou a fazer ações, construir projetos e atividades que pudessem trazer aos professores e estudantes um sentido maior em suas vidas.
Professora da escola, a educadora Talyta Borges Bezerra Sampaio compartilhou na manhã desta terça-feira, 27, em Salvador, na Bahia, os projetos transformadores vivenciados em seu território, em um debate com outros educadores na 3ª Jornada de Educação Transformadora nos Territórios de Identidade da Bahia, encontro que será realizado até a próxima quinta, 29, em uma parceria do programa Escolas Transformadoras com a Superintendência da Educação Profissional e Tecnológica da Secretaria da Educação do Estado da Bahia. Neste encontro, participam mais de 200 técnicos, coordenadores pedagógicos, diretores, vice-diretores e professores da Educação Profissional do Estado da Bahia, com o objetivo de trocar boas experiências e discutir uma educação transformadora que considere as potências do território e da comunidade, abrindo possibilidades para que os estudantes sejam protagonistas e vejam sentido em seu aprendizado.
No caso da equipe do CETEP do Baixo Sul, muitos caminhos de transformação foram (e estão sendo) construídos. Neste ano, a escola criou um projeto para apresentar e compartilhar sua oferta de cursos técnicos a estudantes de 8º e 9º ano do Ensino Fundamental de Gandu e municípios vizinhos. “Nossos estudantes apresentaram a esses alunos informações sobre nossos cursos, o perfil e o cenário dessas profissões no mercado de trabalho”, diz a professora, no debate que realizou o pré-lançamento de uma revista que trará esta e outras experiências transformadoras vivenciadas por escolas do ensino técnico do Estado.
Com sua proposta, o CETEP do Baixo Sul quer estimular estudantes do Ensino Fundamental II a vislumbrar possibilidades de continuidade de seus estudos, para que possam fazer escolhas e mais para a frente tomarem decisões educacionais mais assertivas. “Queremos despertar na comunidade uma motivação para que possam decidir sua própria formação. Não é uma questão de garantir um número razoável de matrículas, e sim um número de matrículas de qualidade. O que importa é o estudante ter satisfação. Ele vai ser feliz na escola? Sua experiência na escola vai ter sentido? Ele se identifica com o que estuda? Daí saberemos que o nosso projeto deu certo. ”
No primeiro dia do encontro, também foram compartilhadas experiências transformadoras da escola do Centro Territorial de Educação Profissional de Vitória da Conquista, que desenvolveu como Projeto de Curso uma bengala sensorial de baixo custo, feita com canos de PVC, visando melhorias na mobilidade de pessoas cegas. “Projeto transformador é bom para todos. Para os professores, estudantes, famílias e comunidades. Envolver os jovens, fomentar a participação e fazer a escuta empática da necessidade das pessoas são pilares fundamentais para uma educação que faça grandes transformações”, comentou na mesa de debate a co-coordenadora do programa Escolas Transformadoras, Raquel Franzim.
Para Hanayana Brandão, Diretora de Organização Curricular e Pedagógica da Educação Profissional da Secretaria da Educação do Estado da Bahia, reunir estas e outras histórias em uma revista reconhece a força das ações desenvolvidas pelos 27 Territórios de Identidade do Estado. “Mostrar o que está sendo feito e promover essa troca entre educadores é realizar o acolhimento e o fortalecimento dos professores, gestores, diretores, estudantes e escolas, para que possam contribuir em suas comunidades e territórios. Com tantas histórias de transformação, tenho certeza que teríamos material para fazer muitas outras publicações.”
Educar para transformar
Como tornar o desejo de transformar a escola em algo concreto, real e significativo para todos? E, afinal, como nascem projetos transformadores de educação? Instigada em refletir essas questões, a 3ª Jornada de Educação Transformadora pretende, ao longo desta semana, fortalecer, inspirar e reconhecer os desafios e soluções compartilhadas e vividas por escolas de ensino técnico da Bahia.
Nesta terça, 27, na mesa de abertura da Jornada, estiverem presentes Nildon Pitombo, Subsecretário da Secretaria da Educação do Estado da Bahia; Antonio Lovato, co-coordenador do programa Escolas Transformadoras; Durval Libânio, Superintendente da Educação Profissional e Tecnológica da Secretaria da Educação do Estado da Bahia; Hanayana Brandão, Diretora de Organização Curricular e Pedagógica da Educação Profissional; a deputada estadual Fabíola Mansur; e o deputado estadual Marcelino Galo, que discutiram a importância da liberdade de expressão, bem como a valorização do estudante como sujeito de seu próprio aprendizado. “Nós precisamos fomentar boas experiências de educação. Precisamos de escolas que olhem para o estudante como um todo, que valorizem não apenas o currículo, mas a formação do ser em toda a sua integralidade”, comentou Fabíola.
O Superintendente da Educação Profissional e Tecnológica, Durval Libânio, por sua vez, sublinhou a necessidade de nos desapegarmos do “velho método de ensino”, para que a crise que vivemos na educação seja superada. “Ao não permitirmos o protagonismo dos estudantes, estamos negando seu conhecimento e sua posição de sujeitos de transformação da escola. “
Já o Subsecretário Nildon Pitombo defendeu que a escola precisa sempre reafirmar seu compromisso com a diversidade e com diferentes visões de mundo. “Que a escola revele outros mundos, outros sentidos e significados na construção do caminho dos estudantes”, finalizou.
Nos próximos dias, a programação contará ainda com a participação de Pilar Lacerda, da Fundação SM; Valdecir Nascimento, empreendedora social reconhecida pela Ashoka e fundadora do Instituto Odara; e Germano Ferreira, presidente do SERTA; além da exibição de dois episódios da série ‘Corações e mentes, escolas que transformam‘.
Fique de olho! Ao longo desta semana, mais conteúdos e experiências inspiradoras de nomes referenciais em educação e de educadores e educadoras da Bahia serão compartilhadas em nossas redes sociais! Acompanhe no Facebook, no Instagram e no Twitter.