Líderes de diferentes países e setores visitam Escolas Transformadoras do Brasil
Por Carolina Prestes e Mariana Prado
Foto: Carolina Prestes / Escola Amorim Lima
No último dia 16 de junho, empresários, investidores e empreendedores sociais de diversas partes do mundo reuniram-se em São Paulo para conhecer o Programa Escolas Transformadoras Brasil. O encontro integrou a programação da conferência Ashoka Support Network Summit 2016, que a cada dois anos reúne líderes de todos os setores com o objetivo de experimentar e potencializar trabalhos de transformação social em tempo real. Esses líderes fazem parte de uma rede global que apoia a Ashoka, seus programas e seus empreendedores sociais.
No encontro, que ocorreu na Unibes Cultural, as lideranças foram recebidas pelas equipes da Ashoka e do Alana, instituições parceiras na correalização do Programa Escolas Transformadoras no Brasil. Marcos Nisti, CEO do Instituto Alana, destacou, ao lado de Ana Claudia Leite, Diretora de Educação do Alana, e de Antonio Sagrado Lovato, Coordenador do Programa Escolas Transformadoras no Brasil, a afinidade entre as organizações e apresentou, brevemente, o trabalho do Instituto: “O Alana foi criado há 20 anos pela Ana Lucia Vilella, fellow da Ashoka. Nossa grande missão é honrar a criança por meio da garantia de seus direitos e da defesa de uma educação que considera seu desenvolvimento integral”.
Flavio Bassi, diretor do Programa Escolas Transformadoras para a América Latina, apresentou a iniciativa ao grupo de líderes, dando destaque ao seu caráter global: “No mundo, são mais de 250 escolas – em 28 países – reconhecidas por desenvolverem uma educação para a formação de crianças e jovens transformadores” e comentou sobre a importância do engajamento de lideranças dos diferentes setores para redefinir os paradigmas da educação.
Na sequencia, Ana Elisa Siqueira e Maria Amélia Cupertino, diretoras das Escolas Amorim Lima e Viver, respectivamente, comentaram sobre a experiência de participar da rede global de Escolas Transformadoras. “Redes como essa nos dão força para permanecer na luta por uma educação melhor”, afirmou Maria Amélia, enquanto Ana Elisa reforçou a importância do envolvimento de diferentes atores da comunidade para a transformação: “A história da Amorim é fruto de uma construção coletiva. Queremos uma escola que faça sentido para todos”.
Para conhecer as experiências de perto, os líderes dividiram-se em dois grupos e seguiram para uma visita a estas escolas. Vale lembrar que a Amorim Lima e a Viver são duas, entre as doze escolas que integram a rede no Brasil.
Visitas às escolas
O grupo que seguiu para a Escola Municipal Desembargador Amorim Lima foi recebido por 4 alunas, dos 6º e 7º anos, que ficaram responsáveis por guiar a visita e contar sobre as práticas desenvolvidas na escola. Durante a visita, um grupo de alunos reunia-se em roda no deck da escola, e logo Mariana, aluna do 6º anos, explicou: “aqui é a assembleia, que acontece sempre que os alunos querem discutir alguma coisa que está incomodando, ou que precisa mudar”. Estefanie, também do 6º ano, mostrou a horta, o parque e um espaço com forno à lenha, explicando que os alunos dividem-se em grupos para cuidar de cada espaço da escola: “a gente precisa cuidar da escola. Ela é nossa!”. As meninas também levaram os líderes para conhecer os salões de pesquisa (onde ocorrem as aulas) e explicaram que naquele amplo espaço – que teve as suas paredes derrubadas – alunos de diferentes anos se reúnem e aprendem juntos.
Ao longo da visita, foi possível comprovar o envolvimento da comunidade na escola. Uma mãe canadense, professora voluntária nas aulas de inglês, um pai mestre de maracatu, uma professora da Universidade de São Paulo que virou coordenadora das disciplinas de Grego e Latim. ‘São essas relações e esse engajamento que potencializam o processo de educação da Escola’, comentou uma das professoras que acompanhava o grupo.
Por fim, uma linda roda de capoeira formou-se e, sob o comando do mestre, que está na Amorim há mais de 16 anos, as crianças apresentaram um pouco do que vivem todos os dias na escola. O grupo de lideranças foi convidado a dançar uma grande ciranda e, assim, encerrou-se a visita.
“É impressionante como eles são maduros e falam com convicção sobre suas escolhas e opiniões”, comentou um dos líderes, admirado com a autonomia das crianças.
No Colégio Viver, localizado em Cotia (SP), a visita aconteceu no mesmo formato. O grupo de líderes foi guiado por alunos do Ensino Fundamental, que apresentaram as instalações da escola e contaram sobre alguns algumas práticas que desenvolvem, como as tutorias e os projetos pessoais.
Thais, que estuda no 9º ano e estava responsável por apresentar a escola, comentou estar muito triste por ter que sair da Viver no ano que vem (a escola não possui Ensino Médio). “Esta é a escola da minha vida, cresci aqui. Sentirei muitas saudades dos amigos e professores, que são nossos melhores amigos”, disse.
Durante a visita, um dos líderes comentou emocionado: “Vi as crianças brincando na quadra com os professores, numa relação extremamente transversal, e isso me lembrou a minha época de escola, em que os professores eram autoridades, muito distantes de nós”, comentou, fazendo referência à relação opressora que, não raramente, vemos na educação.
Ao final, os alunos se reuniram para o ensaio das cirandas da festa junina. Foi um momento descontraído de integração, em que os visitantes também participaram.
Deste encontro entre gerações, nacionalidades e realidades diferentes, fica um sentimento comum: o de que existem muitas pessoas preocupadas em transformar o mundo num lugar melhor. E a educação, diga-se de passagem, é um bom caminho para iniciar essa transformação!
Confira abaixo as fotos do encontro (Créditos: Antonio Lovato, Carolina Prestes e Jorge Mariano).