Programa Escolas Transformadoras reconhece 3 novas escolas no Brasil
Comunidade de Escolas Transformadoras do Brasil passa a contar com 15 escolas que acreditam que crianças e jovens podem ser transformadores da realidade.
Por Carolina Prestes/ Escolas Transformadoras
Foto: SERTA – Escola Transformadora de Pernambuco
O Programa Escolas Transformadoras – iniciativa global da Ashoka e, no Brasil, uma correalização com o Instituto Alana – acredita que todas as crianças e todos os jovens podem transformar a realidade e contribuir para um mundo melhor. O Programa vê a escola como espaço privilegiado para formar pessoas transformadoras e defende que, para isso, é preciso cultivar quatro principais competências: a empatia, o trabalho em equipe, a criatividade e o protagonismo.
No mundo, já são mais de 250 escolas que trabalham nesta direção e integram a Rede Global de Escolas Transformadoras. No Brasil, a comunidade acaba de ganhar novas integrantes: a Escola Estadual de Educação Profissional Alan Pinho Tabosa (CE), o SERTA – Serviço de Tecnologia Alternativa (PE) e o Instituto Federal do Paraná Campus Jacarezinho (PR). Com estes novos reconhecimentos, o programa no Brasil passa a contar com 15 escolas.
Inseridas em realidades e contextos bastante distintos, o que une essas escolas é a certeza de que a educação tem potencial para formar pessoas capazes de resolver de forma criativa os problemas que as cercam e acolher as complexidades e diversidades do mundo. Outro ponto fundamental é a capacidade da escola de influenciar outros espaços e atores, garantindo que os seus aprendizados atravessem muros e beneficiem a sociedade de forma mais ampla.
Para ilustrar essa capacidade de influência da escola, podemos tomar como exemplo o impacto que o SERTA (PE) exerceu na construção das Diretrizes Operacionais para a Educação do Campo, publicação do MEC. A Escola desenvolveu o PEADS (Programa Educacional ao Desenvolvimento Sustentável) e este foi usado como referência no material do Ministério da Educação, influenciando o trabalho de escolas de Alagoas, Pernambuco e Paraíba.
Além desta ação, o SERTA também desenvolve, em parceria com a Unicef, o Projeto Jovens pela Educação e Convivência com o Semiárido/Escolas de Referência. A iniciativa é realizada em 11 escolas do campo de Pernambuco e busca contribuir para que crianças e adolescentes do semiárido tenham acesso a uma educação contextualizada, integral e inclusiva, a partir da compreensão de suas potencialidades e da descoberta de sua região como um espaço de qualidade de vida.
A EEEP Alan Pinho Tabosa é a primeira unidade de Educação Básica do país a ter uma universidade como cogestora, a Universidade Federal do Ceará (UFC). A escola nasceu a partir da mobilização e engajamento dos jovens do Programa de Educação em Células Cooperativas (PRECE) e tem em sua natureza a dinâmica do trabalho em equipe, uma das competências consideradas transformadoras. A Escola se organiza sob a perspectiva da Aprendizagem Cooperativa, em que os estudantes trabalham em pequenos grupos e se ajudam mutuamente, discutindo a resolução de problemas.
O Diretor da escola, Elton Lopes, relata que a implementação desta prática não foi fácil, já que muitos estranhavam o modelo que tirava o professor do centro do processo de ensino-aprendizagem, mas logo entenderam os benefícios de todos compartilharem informações e trabalharem de forma horizontal, auxiliando uns aos outros.
No IFPR Jacarezinho (PR), não existem aulas de 50 minutos. A escola possui uma organização curricular inovadora que favorece a construção da autonomia, do protagonismo e da aprendizagem ativa. A mudança curricular ocorreu a partir de um movimento que envolveu professores e alunos: juntos, eles se propuseram a pensar em um curso para muito além do vestibular. Hoje os estudantes têm encontros de 1h30, onde a aprendizagem ocorre por meio de experimentos, trabalhos em grupo, debates, etc.
Estes são breves exemplos que demostram como estas escolas estão questionando os modelos engessados de educação e se organizando com foco no sujeito, a fim de desenvolvê-lo como agente de transformação da realidade.
O reconhecimento de escolas continuará nos próximos anos. Para integrar a comunidade, as escolas passam por um processo rigoroso, que inclui autoavaliação, visita técnica, painel com Fellows Ashoka e especialistas convidados. A ideia é construir uma comunidade que influencie a sociedade a mudar o rumo da conversa sobre educação. Se você conhece uma escola que está trabalhando para formar sujeitos transformadores, indique aqui.