Roda de conversa discute relevância do protagonismo no contexto sócio-político atual
Por Equipe Escolas Transformadoras
Foto: Alunos da Escola Transformadora Vila Verde (GO)
“Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”. Este pensamento de Paulo Freire contém em si a complexidade e os desafios que permeiam o cenário educacional brasileiro e, quiçá, global.
A imagem tradicional de sala de aula é aquela em que os estudantes estão enfileirados, olhando para frente, na direção no professor que, detentor do saber, usa a lousa para expor seus conhecimentos. Os bons alunos são aqueles que copiam, em silêncio, os saberes do seu mestre e por isso, presume-se, terão mais chances de tirar boas notas. Alguns estão de cabeça baixa, desinteressados, outros arriscam conversas paralelas, pois o conteúdo não dialoga com suas realidades; também há aqueles que vão ao banheiro e não retornam: “pra que assistir à aula? Depois é só copiar o caderno do colega”, pensam.
Neste cenário, fica claro que educandos e educadores estão apartados, numa relação que valoriza o saber do adulto e subjuga aquilo que carregam as crianças e jovens. Em realidades como essa, o protagonismo infantil e juvenil não encontra espaço para se manifestar, pois não se escuta o que os estudantes têm a dizer, tornando-os coadjuvantes de seu próprio processo de aprendizagem.
Conhecer a realidade a sua volta, observá-la, refletir e tomar decisões sobre ela, individual ou coletivamente. Esse é um outro sentido de protagonismo que coloca a educação muito além dos muros da escola. Educação como meio de intervenção sobre o mundo, como dizia Paulo Freire, e que “aspira mudanças radicais na sociedade, no campo da economia, das relações humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, à terra, à educação, à saúde, quanto a que, pelo contrário, reacionariamente, pretende imobilizar a História e manter a ordem injusta”.
O Cieja Campo Limpo é exemplo disso. Localizado no Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo, volta-se à educação de Jovens e Adultos. Eda Luis, diretora da Escola, afirma que a prioridade da escola é construir – coletivamente – uma aprendizagem com sentido, pois só assim os educandos e os educadores poderão sonhar e agir. E, para o pleno exercício do protagonismo, a ação é fundamental, é por meio dela que transforma-se a própria vida, os territórios e o mundo.
Para discutir a importância e os desafios de garantir o protagonismo na formação de sujeitos transformadores, o Programa Escolas Transformadoras promove, no próximo dia 8 de novembro, uma roda de conversa pública sobre o tema. Participarão do debate educadores, jornalistas, especialistas em educação, lideranças de escolas brasileiras e da América Latina (incluindo escolas da Venezuela, Argentina e Chile), estudantes, além de representantes do poder público e de entidades da sociedade civil. Entre os convidados estão Ivo Herzog , Helena Singer, Leandro Beguoci (Revista Nova Escola), Adriana Friedmann (Mapa da Infância Brasileira), Rosely Sayão (Folha de São Paulo), Fátima Limaverde (Escola Vila – CE), Eda Luiz (CIEJA Campo Limpo – SP) Abdalaziz Moura (Serta – PE), Gustavo Serra (IFPR Jacarezinho – PR) entre tantos outros nomes, que vão enriquecer o debate com seus olhares, experiências e reflexões.
Após a roda, será lançada a publicação on-line ‘A importância da empatia na educação’, fruto da roda de conversa que levou o mesmo nome e foi realizada pelo Programa Escolas Transformadoras em maio de 2016. Do encontro surgiram inquietações que culminaram numa produção de artigos sobre o tema. Os autores estavam presentes no evento e concordaram com a necessidade de sistematizar as discussões levantadas naquela ocasião. No Brasil são poucos os estudos e as publicações sobre a relevância da empatia na formação de crianças e jovens e muito nos alegra contribuir para que o tema ganhe espaço e importância na agenda educacional brasileira.
- SERVIÇO
Roda de conversa “Protagonismo na Educação: por uma sociedade de sujeitos transformadores”
Data e horário: 8 de novembro, terça-feira, das 16h às 19h
Local: Teatro do Unibes Cultural
Endereço: Rua Oscar Freire, 2.500 – Sumaré
Inscrições limitadas em: https://goo.gl/jGEztn
No dia assista ao vivo em: http://bit.ly/2dFc7Ca