Colégio Viver (SP)
A gente se envolve bastante com questões do bairro. Dessa forma, eu acho que me interesso mais pelos estudos.”
Bruno Proença
Estudante do Colégio Viver
O Colégio Viver é uma escola privada localizada em uma grande área verde afastada da cidade, o que garante a diversidade e a riqueza de sua proposta. Situada em Cotia (SP), na Granja Caiapiá, a escola dispõe de espaços estrategicamente elaborados para propiciar a autonomia, o desenvolvimento da cooperação e, fundamentalmente, favorecer a aprendizagem. Nesse espaço, os alunos experimentam a técnica da “agrofloresta”, da horta e uma variedade de brincadeiras livres e atividades dirigidas.
O colégio entende que sua participação no crescimento dos alunos consiste em mediar a relação da criança com o conhecimento, permitindo o desenvolvimento pessoal de processos lógicos, habilidades (cognitivas, sociais e afetivas), valores e atitudes. Os alunos, desde a educação infantil até o 9º ano do ensino fundamental II, possuem espaço para a participação nas decisões e contam com ambiente intelectualmente desafiador e emocionalmente seguro, com atenção individualizada.
Fundado em 1977, o Colégio Viver – que atende alunos de classe média e baixa por meio de bolsas – compartilha sua pedagogia, influencia a comunidade educativa e aprende com as demais práticas inovadoras. A equipe escolar propaga resultados nas diversas redes que integra, como a Rede Nacional Primeira Infância (RNPI) e a Rede Nacional de Educação Democrática.
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Nas assembleias realizadas com os estudantes do Colégio Viver, as regras, as propostas pedagógicas e o uso dos espaços são combinados coletivamente. Além disso, existe uma participação bastante ativa da comunidade educativa. Tanto os pais são convidados a dar aulas nas eletivas e optativas, quanto a própria comunidade contribui no jornal da escola.
Há reuniões gerais para debater assuntos relacionados aos ensinos infantil e fundamental I e II e outras em que os familiares são convidados a discutir, ao lado dos professores, temas relevantes para a sociedade e para a educação – como violência, sexualidade e respeito à diversidade.
A metodologia de projetos da escola exige que o professor aprimore-se continuamente, pesquisando e trazendo novos insumos para os projetos individuais dos estudantes. Assim, os professores são constantemente convidados a aperfeiçoar o modelo da escola, propondo currículos, criando instrumentos de avaliação, trocando informações entre si e com a coordenação sobre o que pode ser priorizado. Os alunos também se sentem completamente à vontade para discutir e propor mudanças.
Alguns exemplos ilustram de que maneira habilidades como empatia, cooperação e protagonismo estão presentes no espaço e no dia a dia da escola. Pela inclusão, os alunos exercitam o acolhimento e o reconhecimento das diferenças para concluírem que há várias formas de aprendizagem válidas e condições potenciais para o crescimento de cada um.
Nas assembleias, que acontecem uma vez por semana, alunos, professores e gestores discutem uma pauta comum, acordada coletivamente. Nelas, os alunos exercitam a escuta e a própria argumentação. “Para nós, trabalhar ética apenas como ideia, como abstração, não traz mudanças nos alunos enquanto indivíduos. Para dar resultados, nada melhor do que usar os conflitos diários ou as divergências de postura como matéria de reflexão, permitindo que, aos poucos, os alunos possam definir seu código de valores e respeitar o dos outros. Ser ético implica desenvolver uma capacidade de análise interna, um código de valores e um senso de justiça pessoal. Assim, à medida que o Viver deixa espaço para a autonomia e a decisão dos alunos, eles vão, gradativamente, assumindo responsabilidades, avaliando atitudes – suas e dos colegas – e desenvolvendo o senso ético”, diz a diretora Maria Amélia Cupertino.
As matérias optativas que a escola propõe alimentam a imaginação e a criatividade. Nas aulas de role-playing game (RPG), por exemplo, os participantes assumem papéis de diferentes personagens e as histórias são construídas de maneira colaborativa. Os alunos também são convidados a trabalhar o seu potencial criativo na aula de maquete, na qual desenvolvem projetos de cidades ou elementos arquitetônicos utilizando corte, vinco e colagem de papéis.
Desde 2013, o Projeto Pessoal visa valorizar o que cada aluno traz em sua bagagem. É um momento em que o estudante investe em seus sonhos, naquilo que mais faz sentido em sua vida, decidindo livremente o que pretende para si. A escolha do tema é totalmente livre, para que ele se dedique àquilo que realmente deseja, quer, gosta e tem interesse em seu processo de aprendizagem.
Assim como o currículo tem interferência direta dos estudantes, a escola entende o processo de avaliação de forma compartilhada e processual. Cada aluno mantém um portfólio e realiza sua própria avaliação. Paralelamente, cada um elege um professor para acompanhá-lo na condução de suas dificuldades acadêmicas, aprendizagem e projetos de vida. Esse professor realiza relatórios individuais do estudante, que apontam os pontos a serem melhorados e conquistados, estimulando-o a reconhecer suas habilidades e dificuldades, para que a aprendizagem se dê de forma plena e significativa.
A proposta das Semanas Temáticas ilustra um trabalho desenvolvido por uma equipe engajada e comprometida com a aprendizagem significativa, na qual uma atividade coletiva visa a uma finalidade comum. Encorajando ainda mais o trabalho interdisciplinar dos docentes, a escola realiza três a quatro semanas temáticas por ano. Nessas ocasiões, todos param suas atividades e participam juntos – crianças e adolescentes do ensino fundamental – de ações coletivas, como, por exemplo, o tema ‘água’. A partir desse único tema, são elaborados diferentes trabalhos e pesquisas. As semanas visam incentivar que toda a escola abrace o mesmo assunto e discuta questões de relevância para o mundo contemporâneo e para o universo dos estudantes.
Confira as fotos do Colégio Viver: