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“Uma sociedade que não pensa em soluções para seus problemas de maneira criativa é uma sociedade sem vida”

“Uma sociedade que não pensa em soluções para seus problemas de maneira criativa é uma sociedade sem vida”

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Por Raphael Preto

Como fazer para que a criatividade não seja entendida como algo isolado e atravesse os muros da escola guiando a vida de todos os cidadãos? Para discutir a importância de uma postura criativa na transformação do mundo, o programa Escolas Transformadoras organizou no último dia 20 o encontro “Criatividade – outros mundos são possíveis”, mediado por Diane Sousa, empreendedora social reconhecida pela Ashoka em 2018 e coordenadora da Incubadora de Esportes e Cidadania do Instituto Formação. Participaram do encontro a poeta Viviane Mosé, mestra e doutora em filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e o educador social Alemberg Quindins, idealizador da Fundação Casa Grande e empreendedor social reconhecido pela Ashoka em 2002.

Para que o pensamento criativo seja efetivo é fundamental compreendê-lo como um valor. Isso ficou claro para Diane logo no início de sua vida. “Aprendi a transformar a escassez em abundância. E isso não se deu por opção, mas por necessidade. Foi um esforço de resistência para mim e minha família”, contou. Para ela, a capacidade da descoberta humana está muitas vezes relacionada à necessidade de abrir novos caminhos.

Nascida em São Bento, no interior do Maranhão, ela aprendeu desde cedo a associar a liberdade com o processo criativo. “Meus familiares construíram para mim o mundo possível. O meu mundo possível é diferente do mundo possível da infância deles. Eles sempre tiveram o pensamento livre, que é essencial, mas nunca tiveram o tempo livre, nem o corpo livre. Eles lutaram para que eu tivesse o que eles não tiveram”.

Já o educador social Alemberg Quindins disse considerar o adulto com poucas possibilidades de ação inventiva. “Quando eu era criança, meu sonho era ser pai e ter um quarto de brinquedos, e eu pensava, ‘se eu tiver mulher e filhos eles vão poder colocar os brinquedos deles ali também’”. Essa percepção da perda da relevância da inventividade do brincar com a passagem dos anos fez com que Alemberg definisse ironicamente o adulto como um “traidor da infância”. Com a intenção de incentivar a autonomia, o protagonismo e a liberdade, características essenciais ao desenvolvimento humano, Alemberg criou, em 1992, a Fundação Casa Grande, localizada em Nova Olinda, no Ceará. O local é gerido pelos jovens que o frequentam. Eles são responsáveis tanto pela administração financeira, quanto pela curadoria das atividades culturais, projetos e cursos oferecidos pela instituição. “O principal objetivo da fundação é que os jovens tenham as condições e as oportunidades de contar a história deles por eles mesmos”, explicou.

Para Viviane Mosé, a criatividade não deve ser vista como algo utilitário, acessório ou uma ferramenta que as pessoas podem escolher quando utilizar. “É uma forma de existir no mundo. A gente dependeu da capacidade de observar e intervir na sociedade para dominar o fogo, para descobrir a roda. Uma sociedade sem capacidade de pensar em soluções para seus problemas de maneira criativa é uma sociedade sem vida”.

Viviane, que além de filósofa é poetisa, trouxe sua visão de que a escola brasileira não estimula a criatividade. “Ela deixa de ser imaginativa a partir do final da educação infantil. Vamos esquecendo o pensamento e a ação. É um erro acreditar que a educação vai dar suporte sozinha à inquietude de uma estudante que não tem uma liberdade para ser criativa no dia a dia. A vivência acadêmica não incentiva a liberdade”, disse, lamentando que a cultura escolar brasileira seja caracterizada pela excessiva reprodução de conceitos.

Assista ao debate completo abaixo.

Criatividade: outros mundos são possíveis

Veja na íntegra o debate 'Criatividade: outros mundos são possíveis'. É só dar play!Com Viviane Mosé, filósofa e poetisa; Alemberg Quindins, educador, músico, empreendedor social Ashoka e criador da Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri; e Diane Pereira Sousa, fundadora da Incubadora de Esportes e Cidadania do Instituto Formação e empreendedora social Ashoka.

Posted by Escolas Transformadoras on Monday, August 20, 2018

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