Associação Pró-Educação Vivendo e Aprendendo (DF)

Associação Pró-Educação Vivendo e Aprendendo (DF)

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Para nós, a brincadeira da criança não é só o processo de aprendizagem. É linguagem, é forma, é jeito de ser.”

Pablo Martins
Coordenador pedagógico

A Associação Pró-Educação Vivendo e Aprendendo, fundada em 1982, nasceu da iniciativa de um pequeno grupo formado por pais, mães, educadores, artistas e acadêmicos que estava insatisfeito com o modelo educacional tecnicista, presente nas escolas tradicionais do pós- regime militar. O grupo buscava uma educação em que a criança fosse reconhecida como sujeito capaz de pensar, criar e fazer escolhas. Devido ao seu espírito contestador – e sempre preocupada em manter o diálogo e criar pontes com outras iniciativas inovadoras –, a Associação, hoje com 35 anos, tornou-se referência em educação infantil em Brasília (DF). A escola atende também os anos iniciais do ensino fundamental.

Ancorada no pressuposto de uma educação democrática, a Vivendo e Aprendendo acredita que todos são educadores e estão implicados no projeto pedagógico da escola. A instituição escolar olha para o desenvolvimento integral da criança, abrindo espaço para as diferentes formas de expressão e valorizando o brincar livre como linguagem essencial da infância. O protagonismo de cada uma delas é valorizado e incentivado. As vivências contemplam o desenvolvimento afetivo, social, cognitivo e corporal dos estudantes.

A escola busca, acima de tudo, proporcionar espaços de diálogo e construção coletiva nos mais diversos âmbitos da prática escolar e associativa e acredita que as crianças são sujeitos de saberes, que possuem condições de protagonizar sua trajetória educativa como sujeito ativo, expressando seus desejos e necessidades, propondo interesses, atividades e organizações.

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1. Por que a Vivendo e Aprendendo é uma Escola Transformadora?

A escola acredita que, para serem agentes de transformação no mundo, as crianças precisam poder gozar do pleno agir sobre seu cotidiano e devem tomar decisões sobre os processos vividos na escola. Os alunos precisam se sentir valorizados em suas singularidades e reconhecer seu pertencimento a um grupo.

O brincar, entendido como linguagem e modo como a criança se relaciona com o mundo, é respeitado e valorizado dentro da escola. As crianças brincam livremente no parque pelo menos uma hora por dia, junto com estudantes de outras turmas e idades. A brincadeira permite desenvolvimento da autonomia, conexão dos grupos com o coletivo e da escola com o brincar livre. “Para nós, a brincadeira da criança não é só um processo de aprendizagem. É linguagem, é identidade, é jeito de ser”, diz Pablo.

A escola procura estabelecer o diálogo entre famílias, educadores e demais funcionários em relação ao cotidiano escolar, buscando uma gestão que valorize diferentes identidades e opiniões e gere diversas possibilidades de pensamento e construção da educação. Composta de muitas instâncias de gestão, uma delas é o Conselho Pedagógico, formado por pais, mães, educadores, coordenadores e representantes de outras instâncias. Esse fórum pensa os processos pedagógicos da escola e o projeto de formação continuada da equipe pedagógica, levando em consideração a opinião de todos os atores envolvidos na comunidade escolar.

Há também o Fórum de Aprovação, Avaliação e Progressão (FAAP), departamento de Recursos Humanos da escola, também composto de pais, mães, educadores e coordenadores, que realiza as avaliações dos profissionais e as contratações de novos funcionários. A Diretoria da escola, por sua vez, é uma instância eleita democraticamente e é responsável pela condução da gestão associativa e outras comissões – que tratam de assuntos mais específicos –, como a Comissão de Comunicação, a de Bem-Estar, da Agrofloresta, entre outras.

2. As práticas e as competências transformadoras

Algumas práticas adotadas pela escola evidenciam a potência de um projeto que está atento à voz das crianças, permitindo que elas sejam protagonistas, exerçam sua criatividade e potencializem o trabalho coletivo.

Na prática de construção de combinados, por exemplo, cada turma vive uma experiência única, fruto da união das identidades dos estudantes. Nessa colcha de relações surgem desejos, formas de expressão, afinidades e divergências de opinião. Para que as crianças exercitem o diálogo, a tomada de decisão frente às suas necessidades, a solidariedade e o reconhecimento do outro como sujeito de direitos e deveres, cada turma constrói seus próprios combinados. Esse exercício democrático é um traço identitário da escola.

Os projetos que cada turma realiza nascem da observação ou da expressão dos interesses das crianças. O percurso dos projetos está envolto em elementos sociais, afetivos e cognitivos que demandam a atuação dos alunos, na expressão e negociação de seus desejos. Esse movimento de negociação e expressão encontra-se com o desejo do outro, e esse encontro desafia as crianças a buscar soluções para que todos possam exercer sua identidade e encontrar um caminho que respeite e acolha o coletivo. Além dos projetos, os conflitos, as inseguranças e os medos cotidianos são discutidos, quando necessário, coletivamente, para que se encontrem soluções que abarquem o todo.

O trabalho coletivo possibilita que a interdisciplinaridade torne-se transdisciplinaridade no diálogo e no encontro de linhas convergentes, relacionadas ao trabalho com as crianças e com a comunidade escolar.

Uma vez por semana, toda a equipe se reúne para estudar, debater e planejar ações político-pedagógicas de amplitude coletiva. Esses encontros têm como principal objetivo aguçar os olhares sobre a infância, seus fluxos e desejos, possibilitando que a inovação seja o combustível de cada dia.

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