Escola Municipal Professor Waldir Garcia (AM)

Escola Municipal Professor Waldir Garcia (AM)

Compartilhe

Queremos que nossos alunos vençam as barreiras impostas por suas condições sociais para que tenham liberdade de escolha de seus caminhos.”

Lúcia Cristina Santos
Diretora e líder da escola

A Escola Municipal Professor Waldir Garcia, em Manaus (AM), é a primeira da Região Norte do país a integrar a comunidade, atuando como um centro de encontro e articulação. Fundada em 1987, a instituição escolar está localizada em uma área de igarapés, e atende 226 alunos do ensino fundamental em uma região de extrema vulnerabilidade social.

Além da relação estreita com a comunidade, a Waldir Garcia também se destaca por ser um espaço aberto à diversidade. Muitos alunos são imigrantes de países que vivem crises humanitárias, como Haiti e Venezuela, e a escola demonstra grande empatia em acolhê-los. “Todos aqui encontram seu espaço. Nós nos esforçamos ao máximo para fazer com que todos aprendam e se sintam felizes”, diz a diretora da escola, Lúcia Cristina Santos.

A escola é considerada modelo em Manaus por criar, de forma coletiva, um currículo que valoriza a criança de forma integral e por desenvolver programas próprios, além dos programas governamentais.

Em 2005, quando a atual gestão da escola assumiu o comando da instituição, ela reconheceu que seus principais problemas eram a evasão escolar e os baixos índices de desempenho. Segundo a diretora Lúcia Santos, parte dos alunos deixava de ir à aula para pedir dinheiro nas ruas. Diante desse cenário, a atual gestão fez parcerias com o Conselho Tutelar, por meio de reuniões e palestras, para resgatar crianças das ruas e fazer da educação um caminho para a transformação. A gestão aumentou também a carga horária da permanência da criança na escola, criando oficinas de capoeira e dança e atividades culturais no contraturno escolar, ministradas pelos próprios professores.

Além disso, a gestão percebeu a importância de criar ambientes de diálogo com a comunidade ao redor da escola. O espaço escolar foi aberto aos fins de semana, oferecendo sessões de cinema, atividades na biblioteca, telecentro e disponibilizando a quadra para esportes e recreação. A comunidade ainda utiliza alguns locais da escola para manifestações festivas e culturais, além de suporte em ocasiões específicas – a escola serviu de abrigo no caso de um incêndio de grande proporção na comunidade.

De 2015 para 2016, a Waldir Garcia sofreu com a redução drástica do número de alunos por causa da desocupação das terras dos igarapés, que frequentemente alagam. Com isso, muitas famílias passaram a morar longe da escola, ameaçando seu fechamento. A comunidade, então, uniu-se para reivindicar a permanência da instituição naquele local.

Clique nas abas azuis para saber mais.

1. Por que a EM Professor Waldir Garcia é uma Escola Transformadora?

Essa instituição é um espaço em constante transformação. Os educadores que trabalham nela entendem que não há um único formato de educação transformadora e são sensíveis à percepção do quanto precisam se reinventar e mudar. A escola garante o desenvolvimento dos sujeitos em todas as suas dimensões: intelectual, física, emocional, social e cultural. O espaço entende que o trabalho baseado em valores como amizade, solidariedade, compaixão e tolerância resgata o espírito comunitário.

A partir do momento em que a escola se abriu para uma educação democrática e participativa, os alunos começaram a interferir no currículo escolar, opinando sobre o que gostariam de aprender. Iniciaram, então, um trabalho com roteiros de estudos, invertendo a lógica tradicional da educação. Também começaram a realizar assembleias para legitimar a participação de todos – alunos, professores e equipe gestora – na construção da nova proposta.

 

2. As práticas e as competências transformadoras

O Coletivo Escola Família do Amazonas (CEFA) é um grupo independente de famílias interessadas em fornecer a seus filhos uma educação pública democrática e integral. Começou a atuar na Waldir Garcia em 2016, trazendo novas perspectivas para a educação integral. Com o apoio do CEFA e parceiros, professores e gestores da escola conheceram alguns modelos de escola nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Inspirados por essas iniciativas, iniciaram transformações profundas em fevereiro de 2017. Segundo a diretora, já é bem perceptível a transformação de seus alunos. “Estão mais falantes, mais participativos, mais cheios de energia, ocupando os espaços da escola. São como um pássaro quando voa”, diz.

Juntamente com o CEFA, a escola vem transformando suas práticas. O diálogo com os pais do coletivo – que apoiam a escola em questões que vão desde infraestrutura e mutirões até reflexão sobre a gestão – e o trabalho em sala de aula caracterizam a Waldir Garcia como um local onde muitas equipes se articulam, se integram e se somam para fortalecer a ação de cada um. Ao pensar em uma educação que concebe o sujeito de forma integral e para além dos aspectos cognitivos, as relações interpessoais assumem importante papel no processo educativo. Assim, a criatividade, o protagonismo, a empatia e, principalmente, o trabalho em equipe estão presentes na escola e são valorizados como competências importantes para a integralidade do sujeito.

Desde 2016, os educadores da escola realizam tutoriais. A prática tem como principal objetivo estabelecer vínculos e apoiar os alunos na construção de seus projetos de vida. Sendo assim, cada tutor é responsável por um grupo de estudantes. Os tutores podem ser professores, pais, gestores, pessoas da secretaria e funcionários – fato que valoriza o saber de todos que atuam na escola.

Uma simples mudança no mobiliário acarreta transformações profundas na forma de pensar a educação. Após professores retirarem as carteiras tradicionais das salas de aula, esses espaços passaram a comportar mesas redondas para seis estudantes, agrupados de forma heterogênea. A figura central do professor como detentor do conhecimento perdeu força, e, desse modo, o processo de ensino e de aprendizagem foram reformulados de maneira mais dialógica.

Confira o depoimento da diretora Lúcia:

Comentários

X