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“As escolas deveriam investir no acolhimento e no convívio com a diversidade”

“As escolas deveriam investir no acolhimento e no convívio com a diversidade”

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Última edição do ano do ‘Escolas Transformadoras Debate’ abordou os diálogos possíveis entre laicidade, religião e educação

Na terça-feira, dia 21 de novembro, aconteceu a última edição de 2017 da série “Escolas Transformadoras Debate”, que discutiu ao vivo o tema “Construção de sentido na educação: Diálogos possíveis entre escola, religião e laicidade”.

Os convidados Guardêncio Oliveira, estudante do Cieja Campo Limpo; Makota Celinha, empreendedora social reconhecida pela Ashoka, que tem se dedicado nos últimos anos ao estudo do direito à prática religiosa de matriz africana; Amanda Mendonça, socióloga e mestra em Política Social, especialista em laicidade no Estado e na Educação; e Fernando Leão, educador e diretor pedagógico da Escola Vila Verde, discutiram sobre intolerância religiosa, ensino laico e os possíveis caminhos de diálogo entre a educação no Brasil, a laicidade e a religião.

Na mesa, debateram Antonio Lovato, Guardêncio Oliveira, Makota Celinha e Fernando Leão; na tela de TV, Amanda Mendonça

Logo no início do debate, o termo “intolerância religiosa” foi rejeitado pelos convidados. Para eles, a palavra “tolerância” merece ser questionada pois remete, ao mesmo tempo, ao afastamento e à falta de transigência às crenças de cada indivíduo. “Devemos tolerar a dor e o sofrimento. As pessoas não deveriam tolerar outra religião, mas, sim, respeitar. Ser diferente é o que constrói nossa igualdade”, opinou Makota Celinha. “Tolerar passa por um instinto de superioridade, como se determinada religião fosse melhor do que outra. Prefiro usar expressões como coexistência e respeito”, complementou o educador Fernando Leão.

Numa avaliação sobre o papel da escola no que diz respeito à religião, Makota defendeu a instituição escolar como o espaço propício para que as crenças e a subjetividade do outro sejam consideradas e respeitadas. “O grande problema é a negligência do sagrado do outro. Por tudo isso, a escola deve garantir a educação, a discussão da ética e da filosofia, e, mais do que tudo, deve investir na cidadania do estudante”.

Nesse sentido, a socióloga Amanda Mendonça se posicionou em defesa do Estado Laico e refutou uma decisão polêmica do Supremo Tribunal Federal, que autorizou, em setembro deste ano, o ensino religioso confessional em escolas públicas. Com essa decisão, os professores do país ficam autorizados a promover suas crenças em sala de aula a partir de uma religião específica. “A religião faz parte da nossa formação enquanto seres sociais e, portanto, vai estar presente na escola e em outros espaços em qualquer momento. Porém, acredito que a escola pública não deve ser o lugar do dogma ou da doutrina religiosa”, afirmou. “Estado Laico é aquele que garante que todas as religiões possam coexistir de maneira igualitária, sem privilégio para nenhuma delas. Por essa razão, defender a laicidade na educação é garantir a pluralidade de religiões na escola e também o direito de quem não tem religião”.

Fernando Leão trouxe ao debate exemplos de sua experiência como educador e diretor pedagógico da Escola Vila Verde. Ele diz que, mesmo sendo gerida por um instituto budista, a escola busca ter a maior multiplicidade possível de professores e funcionários. “Temos professores evangélicos, de religiões de matriz africana, budistas, os que não têm religião. Com tudo isso, a ideia é que, na prática, a gente possa mostrar aos estudantes que respeitamos e convivemos com o diferente. A escola é, afinal, um local onde se encontra a diversidade. A função dela é essa”.

O estudante do Cieja Campo Limpo, Guardêncio Oliveira, também trouxe seu entendimento sobre as relações estabelecidas em sua escola, espaço que, para ele, promove o acolhimento de diferentes pontos de vistas e crenças. “A liberdade de expressão, desde que respeite os limites do outro, tem que prevalecer em qualquer ambiente”. Assista ao debate na íntegra no player abaixo! 

 

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